Professora nos cursos de Comunicação da Universidade de Brasília, a jornalista Márcia Marques é uma daquelas estudiosas que sempre investe tempo em refletir sobre a teoria e contextualiza-la na prática. Professora no Curso de Jornalismo, todos os semestres ela abre um debate, com os alunos, sobre Comunicação Empresarial.
Em entrevista exclusiva para Larissa Ortale, da Engenho Criatividade e Comunicação, Márcia falou sobre a importância de se especializar em comunicação.
LO – Como pode ser definido o conceito de Comunicação Empresarial?
MM – É um tipo de Comunicação que lida com vários públicos e interesses. Primeiro, há a relação interna, a compreensão do que é a corporação por aqueles que o integram. Depois, o relacionamento da empresa com o exterior, ou seja, tanto a relação de troca de informação, quanto uma visão institucional da empresa com o mercado, tanto de negócios, quanto social. A troca de informação com o publico, mediada com produtos dirigidos (públicos especial) e com a mídia tradicional é fundamental para o bom desempenho da empresa.
LO – Qual é a importância do trabalho de comunicação para as empresas?
MM – A comunicação é importante do ponto de vista institucional, para passar a imagem sincera da empresa e, mais importante, para afirmar seu papel social. A imagem não pode ser falsa porque ninguém vende o que não é.
LO – Como é feita a atuação da Comunicação Empresarial junto às empresas e à mídia?
MM – Tem de haver um profissional que entenda de comunicação e de suas áreas. A comunicação interna, com o funcionário, retroalimenta o funcionamento da empresa, possibilitando um melhor desempenho da organização. Do ponto de vista externo, há de se cultivar o relacionamento com a mídia tradicional (Assessorias de Imprensa) e mídias dirigidas, e saber para onde vão as informações, com possibilidades de se criar novos canais.
LO – Qual é o objetivo da Comunicação Empresarial?
MM – Fortalecer a imagem do cliente, construindo uma relação verdadeira. Não adianta mascarar dados negativos de uma empresa, pois se a imagem é negativa é mais difícil reconstruir, com solidez, o nome da organização.
LO – Quais são as ações desenvolvidas para um bom desempenho da comunicação das empresas?
MM – A sondagem de opinião é um retrato, uma ferramenta que pode funcionar com um termômetro das condições de leitura e opiniões que se tem a respeito de uma empresa. Já a Assessoria de Imprensa serve para profissionalizar a relação entre empresa (cliente) e mídia. Ou seja, todas as ferramentas podem apontar benefícios e malefícios da atuação. Isso depende muito de planejamento, dos objetivos, enfim, da análise conjuntural do processo de comunicação.
LO – As mídias ou empresas que não atuam com ferramentas adequadas causam o mesmo impacto para o publico?
MM – A chance existe, mas é muito menor do que a de uma empresa organizada, com metas. Trabalhar com metas, procurando um bom resultado, é fundamental para a boa relação com o publico.
LO – O que traz mais resultados: a fidelização ou a sedução?
MM – A sedução é esporádica. E para seduzir a cada dia é preciso fidelização, ou seja, uma relação mais permanente e a construção de hábitos. Sem dúvida, a questão mais importante nesse tipo de comunicação é a confiança. Conseguir conquistar a confiança do público é uma ferramenta sólida, que se constrói com metas e não se abala facilmente.
LO – Qual é a importância do Planejamento Estratégico?
MM – Fundamental. Ninguém trabalha sem planejamento porque planejar nos permite trabalhar até com o acaso. Ele é importante no sentido de ter clareza em relação às variáveis do seu trabalho, e perceber que você pode mudar de estratégia, quando há necessidade, e sem naufragar.
LO – Como está o mercado da Comunicação Empresarial?
MM – É um nicho em crescimento. As empresas têm crescido, mas é muito fluido porque o despreparo na área de gerenciamento é muito forte. Ainda se trabalha com muito preconceito. As faculdades preparam para os jornais, onde o mercado é menor. O assessor é visto como inimigo. Mas essa relação está mudando. Hoje, muitos jornalistas saem das redações por sua maior experiência, para traduzir a complexidade de determinado assunto em linguagem para o público comum, principalmente em Brasília, onde o mercado está em expansão.
LO – O profissional de comunicação que atua nessa área empresarial deve se especializar?
MM – Sim, é fundamental. Hoje, vivemos na sociedade do conhecimento. Não basta só saber apertar um parafuso. Tem que saber tudo, mesmo que não vá trabalhar com isso.
LO -E quanto à empresa que ele media?
MM – O jornalista tem que saber de todas as facetas da empresa que ele atende, o que é fruto de vários conhecimento. Envolve relações de trabalho, uso de tecnologia. A multiplicidade de conhecimento é importante. O jornalista é escravo do conhecimento. Portanto, a reciclagem é fundamental. A especialização também.